Primeiro devo agradecer as palavras de carinho que recebi nos comentarios do meu útlimo post. É muito reconfortante saber que posso contar com vocês. Agora sei que não preciso me sentir solitária, é so desabafar aqui no meu bloginho.
Vocês não fazem idéia do perrengue que passei ontem. Bom, anteontem, na madrugada de domingo para segunda, não consegui dormir muito bem. Passei muito tempo pensando naquela semana horrível que passei. Então dormi, mal, mas dormi.
De manhã acordei meio mal-humorada, meio sorumbádica, por causa da noite mal dormida. Tomei café normalmente, arrumei a casa, e fui para a academia. Tava lotada, e só tinha uma esteira que eu detesto, a 4. O botão para desacelerar vive ruim. Ela vive em manutenção, mas nunca arrumam ela direito. As outras estão perfeitas, mas nenhuma estava livre.
Subi na esteira e comecei caminhando rápido, 6km/h, como faço sempre. Depois dos 10 minutos comecei a trotar, 7km/h, como de costume. Nos vinte minutos aumentei mais, para 9 km/h. Não fiz nada de diferente do que costumo fazer. Mas sem mais nem menos comecei a sentir um embrulho no estômago, meio enjoada, uma tontura, e resolvi parar. Aí começou o problema: a esteria não desacelerava. Eu precisava parar de correr, porque a tontura estava piorando, mas eu não conseguia. Um dos estagiários, o Leo, o que me passou a série da musculação, estava por perto. Chamei ele; ele tentou parar a esteira; nem o botão para desacelerar, nem aquele botão vermelho do lado, que a gente aperta para parar, nada parava aquela maldita esteira. Então ele disse que tentaria me tirar da esteira mesmo com ela funcionando. Minhas pernas corriam, mas eu não as sentia mais. Daí não me lembro de mais nada.
Quando acordei senti que estava com a cabeça apoiada no colo da alguém. Tinha muita gente a minha volta. Eu só ouvia uma voz dizendo "não levanta as pernas dela, a gente não sabe se ela fraturou alguma coisa". Aí alguém me perguntou se eu sentia meu corpo; e eu sentia, muito bem por sinal, porque estava todo doído. Desmaiei denovo.
Acordei mais uma vez. Estava deitada na maca da sala de avaliação, com as pernas levantadas e encostadas na parede. O professor que faz a avaliação, o Marcelo, estava tirando a minha pressão. O Leo e o Luís (que é outro professor) estavam lá também. Aí vieram aquelas várias perguntas: "seu nome, idade, quantos dedos tem aqui?". Depois vieram as pergunas mais técnicas: "você tem se alimentado bem? Tomou café da manhã? Está menstruada? Não corre o risco de estar grávida, né?" Deus me livre!! Ainda estou no prazo de menstruar, e sempre me cuidei muito bem, mesmo tendo companheiro fixo por tanto tempo. Luís perguntou se eu era diabética, queria me trazer alguma coisa com açúcar. Os professores todos sabem que meu pai é, e não é muito comum um senhor de 60 anos ser saradão como meu pai. Todos o conhecem lá. Disse que não era diabética. Então Luís foi buscar um suco para mim. Estava com a pressão muito baixa.
Não sabia que Leo é também fisioterapeuta. Bom, ele é quase um fisioterapeuta, ele só se forma agora no final do ano. Não é qualquer um que leva duas faculdades mais estágio numa boa, né? Ele testou meus reflexos, examinou todo e qualquer tipo de movimento, e perguntava aonde doía. E eu respondia "Dói tudo, ué!!". E, como sempre, ele ria.
Finalmente me contaram o que aconteceu. Desmaiei no momento em que o Leo subia na esteira para tentar me tirar de lá. Quando caí fomos nós dois lançados a 10km/h para trás. Mas atrás das esteiras estão os transports. Se não fosse o Leo eu teria batido com a cabeça em um daqueles transports, na velocidade de 10km/h!!! Me aterrorizei!!! Gente, poderia ter ficado até paraplégica!! Leo foi examinado também. Estava bem, mas o Luís insistia que fossemos para uma clínica ortopédica que tem aqui no bairro, bem pertinho, para tirarmos umas radiografias. Eu disse que tava bem, preferia ir apara casa. Leo também disse que estava bem. Mas Luís insistiu que ele pelo menos colocasse gelo nas costas, já que ele caiu sentado, bateu com as costas no transport e ainda amorteceu minha queda, e eu caí encima dele.
Carlos, o outro estagiário, insistiu em me levar para casa. Eu disse que não era necessário. Fui para a casa da minha vó, que é pertinho da academia. Dormi, almocei e voltei para casa, não podia perder a aula de espanhol a noite.
Mas antes de ir para o espanhol eu tinha que passar numa praça aqui perto de casa, para comprar meus remédios do hipotireoidismo. Quando passei na frente da academia vi o Leo saindo. Ele tava andando meio torto coitado. Perguntei se ele estava indo para a faculdade, ele disse que preferia ir para casa, tava muito doído. Me perguntou como eu estava. Disse que o corpo doía muito ainda, mas não podia faltar a aula. Ele disse nessa praça, mas sempre voltava para casa andando (normalmente pegamos ônibus para ir para lá). Resolvi acompanhá-lo.
Quando dei por mim estava contando toda a minha vida para ele, uma pessoa que conheci à três semanas atrás. Falei de como estava triste com a morte de A., do fim do meu namoro e da minha ansiedade com a prova do Itamaraty, e para chegar nos meus antigos 50kg. Ele só ouvia. Depois que desabafei tudo ficou um silêncio profundo. Entrei na farmácia, comprei meus remédios e ele me esperou. Caminhávamos em direção ao metrô ( faço aula em outro bairro), ele finalmente falou alguma coisa:
- Porque você quer ter 50kg?
Respondi: "Ué, eu pesava isso. Além disso, não estou bem com o meu peso"
Ele respondeu: "Acho que deve pensar um pouco melhor nisso. Você não é gorda, tem o corpo normal. O exercício é essencial para qualquer um, mas se malha porque acha que esta gorda, melhor repensar o seu treino. A musculação é importante para acelerar o metabolismo, mas o perigo é quando você usa a malhação como instrumento apenas para emagrecer, e não pensando em sua saúde. Como um quase fisioterapeuta e um quase professor de educação física, te digo: você está bem, você não é gorda".
Fiquei surpresa. É bom ouvir de um especialista que você não é gorda. Principalmente ele sendo homem (vocês sabem que as mulheres adoram botar defeitos nas outras). Mas também não esperava por aquilo. Fiquei um tempo pensando numa resposta, e eu acho que ele estava esperando uma porque ficou lá me olhando com uma cara de quem espera resposta. E eu não sabia o que responder. Quando ele percebeu que eu não ia falar nada, ele concluiu:
- Com relação ao seu namorado, e a morte de A., a dor passa. Ela sempre é passageira. Mas também não tente ser mais forte que ela sempre. Às vezes é necessário se render a ela. Mas não por muito tempo. Infelizmente tem coisas na vida que acabam de forma estúpida, sem estarmos esperando. Ficar triste é normal. Mas pense melhor no que te disse sobre vc emagrecer mais. (foi mais ou menos isso o que ele disse).
Nos despedimos. Ele ainda perguntou se eu ia na missa de 7° dia do A. Eu disse que ia, mas teria que passar na academia para saber os detalhes. Nos despedimos mais uma vez, e eu entrei no metrô. Fiz toda a viagem pensando em tudo o que tinha acontecido, e no que o Leo tinha me dito. Mas eu tenho certeza que ainda não estou como desejo estar. Conheço bem o meu corpo, sei que posso melhorá-lo ainda mais. E sim, penso na minha saúde.
Hoje pela manhã fui à academia para saber informações sobre a missa de 7° dia de A. Não malhei, ainda estava muito dolorida. Todo mundo me perguntou sobre o "vôo" que dei ontem. Virei notícia na academia. Combinei com a minha professora da musculação, a Bruna, de irmos juntas à missa. É amanhã no fim da tarde. O Leo não apareceu por lá. Parece que deram folga para ele hoje. Ele não tinha como trabalhar todo dolorido.
Queridas, me desculpem pelo post grande. São muitas informações na minha cabeça, tenho que compartilhá-las com alguém. Mas amanhã estarei tinindo. Spinning que me espere!!